"Ontem, dia 26 de abril de 2009, o grupo teatral Thiasos voltou em cena. Ontem, dia 26 de abril de 2009 houve uma junção de arte, arquitetura, fotografia, poemas e dança.
Quando recebemos o aviso de que o Kruppa estava oferecendo um espaço para o grupo Thiasos (antigo T.U.A) participar de um de seus eventos e além disso, de uma exposição denominada “Diálogos” ficamos extremamente honrados e desesperados.
Partimos então com a idéia fixa de criar um trabalho especialmente para este dia. Partimos de vertente experimental, justamente pelo fato de ainda não sabermos a real identidade do grupo. Tivemos um mês para montar as cenas, prepará-las, ensaiá-las e procurar os apetrechos necessários para fazê-las realizar. Decidimos dialogar com todas as artes: dança, poesia, teatro, música completaram com as fotos da exposição e com as imagens e filmes projetados na cozinha da casa. Pronto! Espetáculo pronto. Vamos a apresentação!
Ontem, dia 26 de abril de 2009, as pessoas que freqüentam o Kruppa ou freqüentaram pela primeira vez estranharam algo. Assustavam com pessoas intensas e loucas na sala. Assustaram com duas meninas que se procuravam a todo o momento e repentinamente se beijam e se separam bruscamente, se encantaram com uma cena metalingüística, com uma louca gritando Sônia, um pastor que te aborda na entrada e de repente nos culpa de seu vício, outra falando hipocrisia e outra, uma das amantes, falando mal e cinicamente do Brasil e das pessoas que prestigiavam esse lindo país. Na cabeça do publico era verdade ou não era? Ela está em cena ou já saiu? Por que eles ainda estão na sala repetindo o mesmo poema? Quem é este bêbado na portaria? De repente a banda acaba. E da cozinha escuta-se um Piazzolla denso, neurótico e apaixonante, duas meninas dançam no chão da cozinha e dizem com seus corpos o amor brutal, a paixão enlouquecida que exala do tango. Com lenços vermelhos contrapondo a roupa preta, as duas dançarinas terminam tal qual a justiça, a sociedade, a humanidade: com faixas nos olhos, nos expondo a cegueira de cada um.
Esta apresentação poderá se denominar “Tango”, se repararmos bem todas as roupas de todos os personagens: eram vermelhas e pretas e no máximo, caía um pouco pro cinza e branco. Todas as cenas itinerantes eram tristes, doídas mas sinceras, verdadeiras.
Nosso objetivo era expor o público à estas situações e fazê-lo perceber que estamos o expondo também. Acho que conseguimos." (texto de Maria Luiza Camara de Camargo na íntegra)
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