Sidney Rodrigues foi um dos precursores do modernismo em Araraquara, cidade onde nasceu em 1927. Seus primeiros trabalhos com características modernas datam de 1945, e o desenvolvimento de uma obra baseada no recurso fundamental das linhas para representar seus temas preferidos, como, por exemplo, a vida cotidiana e histórias religiosas, foi o fruto de anos de um trabalho coerente e consciente, e que criou uma poética pessoal e significativa para nossa arte. Suas pinturas da década de cinqüenta, realizadas a partir da observação do mundo real tendem a simplificar seus modelos, um grafismo nos contornos pretos das figuras pode ser observado por um olhar atento, mas uma pintura encorpada e uma obra com um forte caráter descritivo ainda predomina nos quadros desse período. Esse aspecto descritivo da obra do artista continuou sempre presente em seu trabalho, mesmo em obras onde toda a narrativa dos painéis ou quadros é realizada apenas com o uso das linhas em sua realização. Sua obra, despojada e inovadora tem, entre outros, o mérito de ser uma leitura acessível tanto para o público popular, quanto para o público erudito. A característica da geometria linear moderna que simplifica a realidade, e a realidade como ponto de partida da obra, é o ponto essencial da poética desse artista, que pacientemente construiu um universo poético ao mesmo tempo “simples” e de grande eficiência descritiva em uma obra que sempre tem presente o conceito clássico da “beleza” em sua construção. Mesmo que falar em “beleza” signifique entrarmos em uma discussão infinita na história do homem.
Christophe Quirino Spoto, agosto de 2007.
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